
Com o objetivo de engajar todos os seguimentos da sociedade em prol dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), em 2004, o Presidente Lula - por meio da Secretaria-Geral da Presidência da República (SG/PR), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) - fomentou a criação do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade (MNCS).
O MNCS - também conhecido como Movimento Nós Podemos - teve importante papel na disseminação dos ODM em todo o território nacional.
No entanto, sua estrutura hierarquizada, centralizada em representantes da Região Sul; seu foco no voluntariado e na responsabilidade social empresarial; seu posicionamento apartidário geravam insatisfação entre os integrantes que desejavam uma gestão horizontalizada e compartilhada; um movimento que respeitasse a enorme diversidade regional existente neste país de dimensões continentais; que reconhecesse e valorizasse os diversos atores sociais que atuam incansavelmente pela transformação social em seus territórios; que pudesse debater sobre políticas públicas estruturantes, que foram responsáveis pelo atingimento das Metas ODM; que pudesse se posicionar sobre temas como a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e a Redução da Maioridade Penal, conforme explícito no Relatório Final do 4° Encontro Nacional do MNCS.
Como não havia perspectiva de mudança neste quadro, a solução para acabar com a insatisfação desses integrantes foi encontrada em um antigo ditado popular: “os incomodados que se mudem”. Assim, em julho de 2015, um grupo de instituições decidiu se desvincular do MNCS e passou a idealizar um coletivo que: atuasse em rede; de forma horizontalizada e participativa; valorizando e respeitando a diversidade, a representatividade e o protagonismo de cada instituição em sua área de atuação.
Em agosto, o grupo iniciou a democratização da Agenda 2030 por meio da sensibilização de atores sociais e dos Diálogos de Cidadania, uma ação piloto realizada numa Universidade em Brasília e que testava formas de abordar a Agenda 2030. Em novembro realizou sua primeira grande ação: o 1° Diálogo Amazônico sobre os ODS, em Belém/PA.
Nestes 2 anos de jornada, a Agenda 2030 tem norteado o caminho deste coletivo rumo a um mundo mais igualitário, resiliente e sustentável. Esta é uma jornada longa e cheia de obstáculos, por isso a atuação em rede é fundamental para que tenhamos ânimo e força para superá-los.
Construir um coletivo com este formato horizontalizado, fundamentado na autogestão com liderança compartilhada, é um enorme desafio em um país que há mais de 500 anos privilegia a hierarquia - no Estado, na Família, na Igreja, na Escola, no Trabalho, etc. - e que só adotou o conceito de Democracia Participativa na Constituição Federal de 1988.
Prova disto é que, ao longo destes 2 anos, mais de 200 instituições já se cadastraram na Rede ODS Brasil. No entanto, apenas 1/4 delas conseguiu ser classificada como membro da Rede, já que a maioria tem dificuldade em se adaptar ao Modelo Organizacional proposto.
A Rede ODS Brasil tem consciência que a implementação efetiva de seu Modelo Organizacional depende de uma mudança de paradigma, que ocorre lentamente. E que o sentimento de pertencimento é fundamental para o engajamento. Sendo assim, ela monitora constantemente as Redes ODS Estaduais e Municipais, coibindo qualquer desvirtuamento do seu Modelo Organizacional. E incentiva as instituições cadastradas a conhecerem os diversos coletivos que atuam em prol da Agenda 2030 no país, para que elas tenham a certeza sobre onde querem estar e contribuir.
Apesar das dificuldades supracitadas e da falta de recursos financeiros próprios, a Rede ODS Brasil tem conseguido cumprir suas Diretrizes e contribuir com a democratização e implementação da Agenda 2030 no país.
O comprometimento e apoio das instituições membros da Rede ODS Brasil são fatores fundamentais para ampliação e fortalecimento deste coletivo, que já adquiriu representatividade, legitimidade e reconhecimento - nacional e internacional - em tão pouco tempo. Destacamos alguns exemplos: 1° Relatório Nacional Voluntário sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável; Plataforma Localizing the SDGs; Relatório de Sustentabilidade do Banco da Amazônia 2016.